Sim, Ele sabe
Do mais alto do céu
ao mais profundo da alma
Da copa das árvores
às raízes das hortaliças
Das asas da águia
às garras do tatu
Do brotar ribeirinho
ao juntar das águas no mar
Da caverna esquecida
nas Minas Gerais
ao teto gelado
do Himalaia
Dos ágeis felinos
à malemolência da preguiça
Na corrida desenfreada da formiga
ao resfolegar da lesma
Do homem sábio
que morre na cidade
à sabedoria mordaz
do homem do campo
Da lágrima parida
por uma saudade
à dor sentida
diante da falsidade
Do belo por do sol
lá dos lados do sul
ao rúbio sol
das terras do norte
No burburinho
dos grandes estádios
ao quarto recluso
de oração
Nada se oculta
tudo transparece
seus olhos vêem tudo.
Sim, Ele tudo sabe.