Se não te ouço, Senhor!

Se não te ouço, erro.

Permito-me usar as palavras como faca afiada,

Para ferir, machucar, danificar.

Substantivos que saem da lama para nominar seres e coisas;

Adjetivos que escapam , perversos, dizem mal das qualidades

E os verbos, esses ordenam ações impróprias,impraticáveis.

Se não te acato, sofro.

Pela mágoa, pela tristeza, pela vergonha

Do que foi dito e do não-dito insinuado,

Pela fúria cega, porém certeira, que vitima, chacina,

A voz embargada, não se rende, altera-se

Uma guerra deflagrada por tão pouco ou por nada

Se não te confesso, peno.

Pela dor que assola minha cabeça,

Como uma ressaca desmedida, não bebida

Pelo remorso de saber o certo e errar

Sob a promessa de que te ouvirei sussurrar que me ama

Ainda assim: imperfeito, carente, vacilante e necessitado de ti, sempre!