À Mesa do Pai

" Ela, porém, veio e o adorou, dizendo: Senhor, socorre-me!

Então, ele respondendo disse: Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos.

Ela contudo, replicou: Sim, Senhor, porém os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos.

Então lhe disse Jesus: Ó, mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres. E desde aquele momento sua filha ficou sã."

( Mt.15:25-28)

Há pouco tempo desde que percebi

Que das câmaras dos palácios reais

Leite e mel não costumam jorrar

Em suas mesas e despensas,

A verdade não se deixa habitar .

A história tem sussurrado em nossos ouvidos

Que vasos de prata e ouro

O sabor da refeição não conseguem reter ,

Saborosos pratos rejeitados podem ser, se não servidos

Por mordomos bem pagos e elegantemente vestidos.

Onde então, encontrar a verdade?

A comida do faminto peregrino

Que a procura ao longo do caminho?

A verdade sempre se apresenta nua!

Suborno e vestimentas ela não aceita!

É comestível ... Serve-se crua.

Elogios e cumprimentos interesseiros

Não podem comprá-la ...Ela os rejeita!

Nas terras deste reino, não se vêem vestígios

De boas obras dos que se dizem de linhagem real.

Ela se estende no mais alto dos céus

Contudo alcançada somente pelo faminto

Que procura a cura para o seu mal.

A humildade e a sinceridade servem o banquete por ela oferecido

Para o orgulhoso filho pródigo:agressiva - nela não se acha perdão.

Para o desobediente escarnecedor: dura e desconcertante.

Entretanto, totalmente graciosa e gentil para o de humilde coração.

Pilatos a ela ouvidos não deu ,

A multidão à morte a condenou ,

O descrente a tem como mentirosa ,

Outros dizem que ela mata, é venenosa,

O poder a fez culpada de crimes contra a humanidade

Que ela mesma nunca cometeu.

Onde então, encontrar a verdade?

Desafiadora! Desconcertante!

Arranca-nos os trapos reais – nosso velho eu

Libertadora...

Leva o coração errante

À sala do banquete celestial

Que o Pai eterno, por seu filho nos prometeu.

É majestosa, estende-se no mais alto dos céus

Sua voz é poderosa, coloca nosso ego no banco dos réus.

A ela só resiste o humilde viajante

Que diante do pai, com alma faminta e suplicante

Tem seu coração descoberto, porém confiante.

Nunca se ouviu falar que da presença do mestre ,

Nenhum que tenha se achegado, sem orgulho ou preconceito

Tenha sido rejeitado, ou seu pedido desdenhado.

Pois quem se aproxima do pai, sem medo da verdade

Debaixo da sua mesa não fica prostrado.

Como filho, em perfeita comunhão,

Pelo pão da vida é diariamente alimentado.

Sim, existe um lugar onde a verdade não é só mais uma ilusão

À mesa do Rei dos Reis está entronizada!

Nasce onde o orgulho morre

Brota onde a vaidade é enterrada.

É a força do perdão que sacia o coração.

À mesa do Pai, para o pecador arrependido, encontra-se à disposição.