ERAS

Era uma era amarga

de opressão tirana

por dentro o legalismo

por cima a lei romana

a tradição uma carga

a religião formalismo

e a aridez era tanta

que mesmo a rotina mais santa

deixava um perfume no fim

de falta de flor no jardim

Veio uma nova era

O reino da verdade

E em todos os lugares

Se ouviu de liberdade

Um cheiro de primavera

Tomou, de repente, os ares

E a diferença se via

Na ausência de hipocrisia

Daquele que amou e se deu

Vivendo a vontade de Deus.

Era uma vida amarga

fosse qual fosse o status

que punha cabisbaixo

quem encarava os fatos

e ao peso da própria carga

vivia a olhar pra baixo

e a solidão era tanta

que mesmo a rotina mais santa

deixava um restinho de pó

deixava um restinho de nó...

Veio uma nova vida

Num peito apaixonado

Que amava a obra-prima

Que andava do seu lado

Que achava a paixão devida

Na força que vem de cima

E a diferença se via

Na compaixão cada dia

Na cura, no amor, no perdão

Na íntima restauração.

Era uma hora amarga

De escuridão completa

A oração sozinha

A solidão concreta

Nos ombros a minha carga

No peito essa treva minha

E a noite atacou tão densa

Com tão transbordante ofensa

Que o grito de angústia soou

Que o sangue subiu e suou...

Era chegado o instante

Da derradeira oferta

De se mostrar o norte

Na imensidão deserta

Na vida do ofertante

A condenação da morte

O seu perdão tão perfeito

Que o povo batia no peito

E o próprio ladrão da outra cruz

Percebe quem era Jesus!

Wolô

wolo@mail.com