26ª carta aos ocidentais contemporâneos
Não se deixe abater
Por estes tremores que o afligem
São cataclismos temporários
Alguns com intensidades menores
Que nos conduzem à beira do poço
Que embora fundo e sufocante
Está fechado com a tampa de segurança...
Não se deixe abater
Por estes tremores que o afligem
São cataclismos temporários
Alguns com intensidades maiores
Vorazes e alarmantes
E nos arremessam ao fundo do poço
Sem tempo para tomarmos decisões...
Num primeiro instante, nos sentimos completamente derrotados
Incapazes até de imaginarmos que estamos vivos
Mas estamos vivos... com vida...
O embate é exaustivo
Pedimos socorro a quem aparecer em nossa frente
Gritamos, alarmados e delirantes por uma ação divina
E o nosso grito se faz tão silencioso
Que ninguém o escuta...
Nos sentimos sufocados
Sem esperança
Até que a exaustão nos paralisa
E nos coloca frente a frente
Com um ser que até naquele momento
Nada nos representava...
Como sempre, paciente e atento
Toma a iniciativa, e se apresenta
Um eu ainda desconhecido
Sem qualquer vínculo carnal
Mas sempre presente...
Olhamos por alguns instantes
E ele começa a nos relatar
Todos os caminhos disponíveis, e possíveis
Manobras, obstáculos, desvios...
Enfim, nos guia, e então, começamos no processo de salvação...
Olhamos para o lado
E não vemos apenas tijolos úmidos
Frestas enormes nos aparecem do nada
Mão a mão
Pé a pé
Iniciamos o processo de subida...
Os primeiros momentos são receosos
Cuidadosos e até temerosos
Mas aos poucos, a confiança se apodera do nosso ser
E confiante em nossos propósitos
Escalamos a parede do impossível...
Lá fora, já respirando ar puro
Começa, novamente, os tais tremores
Porém, estamos prontos
E com as respostas...
Muitos dos tremores não nos entenderão
Também, não mais nos afetarão
E os tremores entendedores nos serão aliados
Nesta longa corrida contra os terremotos...