céu cinza

O céu se veste de cinza,

E na neblina meu coração se derrama.

Ta tudo breu no meu eu,

E o choro se mistura ao orvalho da manhã,

Que embaça, me embaraça,

E me deixa sem graça.

O céu se encobre de nuvens,

E o sol escondido está,

Além do horizonte desponta,

Afasta de mim seus raios,

Deixa-me no frio, na aurora que raia.

Estação fria e sem abraço,

E o meu espaço não encontro no mundo.

Andarilho cativo,

Escrava da vida,

Caminho perdido.

Sem encontrar solução.

Um toque de mão,

Um beijo na face,

Nem mesmo um enlace,

Amores se vão.

Hoje o céu se veste de prata,

Da dor que me mata,

Da dor que eu causei,

O céu se reveste de pedra,

E a minha reza não chega a Deus.

O céu é um muro não mais ultrapassado,

E a angústia da minha alma

Cansou de escalar.

O céu não chora, não recebe meu canto,

Meu grito calado,

O céu não está a escutar

O céu é o templo sagrado,

E só de bom grado desejo entrar.

Mas se me esquecer dessa dor que me mata,

Este céu de prata há de me consolar.

Só basta levar o meu choro contido,

Num odre divino,

Por anjos adorar,

E Deus transformará minhas feridas,

Este céu que me cobre tal como véu,

Será radiante, será ultrajante minha glória de céu.