ANJO SIDERAL

Jesus, filho biológico,

De José e Maria.

Nasceu em Belém, na Judéia,

No lar de Sara, tia de Maria.

Numa pobreza infinita,

Numa esteira nascera,

Cobertores e peles de cabra macia

E desse acontecimento, a manjedoura, pura fantasia.

Jamais José e Maria,

Dirigiram-se a Belém,

Para atender ao recenseamento

Como diziam.

E assim desceu dos céus,

O Anjo, o Querubim filho de Maria,

Faces rosadas, semblante sereno,

Para ser o nosso guia.

Os sacerdotes daquele tempo,

Nos templos não o reconhecia,

Tinham muito temor, do anjo que vivia.

Mais tarde, para que se cumprisse,

O que a Bíblia dizia,

O povo se rebelou contra o anjo

Que cumpria a profecia.

Os sacerdotes e os reis,

De perder o poder medo tinham.

Impuseram-lhe a cruz,

A via sacra, o Gólgota e a agonia.

Pedro e Arimatéia,

Temendo ser o corpo de Jesus,

Arrastado pelas ruas, para mais uma agonia,

Retiraram do sepulcro, altas horas.

E em lugar seguro escondia.

Antes, porém, utilizando-se

De Madalena que excelente ectoplasma tinha,

Apareceu à médium, e, por força,

Da luz sideral, falou com a amiga,

Que em luz reluzia.

Chegando a notícia da materialização de Jesus,

Os apóstolos se assustaram.

Tomé só acreditava vendo!

Como todos eram médiuns,

O ectoplasma abundante o fez presente.

E assim todos o viram.

Jesus também foi um grande médiun.

Do Cristo Planetário da Terra.

Daí falar em parábolas,

Transmitindo o que recebia e sentia.

O Mestre foi o grande salvador da Humanidade,

Ensinando extirpar a ignorância, o ódio, a inveja, orgulho e vaidade...

Com um duplo etérico sublime,

Portador do mais puro ectoplasma.

Ensinou a cerca da vida futura

E que cada um colhe o que plantou um dia.

Sadio de organismo,

Sem qualquer deformidade psicofísica.

Curou cegos, aleijados, leprosos...

Muito que aprendera dos essênios,

Mediunidade redentora!

E leis transcendentais que agiam todos os dias.

Ao iniciar sua missão messiânica, falou:

Não vim destruir a lei, mas dar-lhe cumprimento.

Logo, não foi Jesus, humilde, pacífico e tolerante,

Que expulsou vendilhões do templo um dia.

Lázaro sofreu de catalepsia.

Jesus o livrou da morte.

Conhecia a esfera da patogenia cataléptica,

Por isso explicou: outros farão muito mais dia após dia.

As contradições dos evangelistas,

Deve-se ao interesse religioso

E às traduções do original grego

Para o latim e outros idiomas.

Deixando de ser infalível, como exclamam.

Jesus assediado pelos apóstolos,

Deixou-se mover por estranhos impulsos ocultos.

Seguiu para Jerusalém,

Para implantar o reino de Deus, ali também.

A multidão às portas da cidade o esperava.

O levariam em triunfo, até a cidade do templo.

E perante os sacerdotes, o rei dos judeus,

De Isaias e Miquéias a profecia se cumpria.

Tomé, Felipe e João seguiam pesarosos,

Pressentindo o trágico acontecimento,

O mestre Jesus estava tão contagiado,

Que na prova de fogo não pensava.

Jerusalém era para ele o coração do Evangelho.

Não importava viver ou morrer.

No lar as despedidas dolorosas,

Tiago o irmão menor o seguiu

E na estrada os apóstolos o esperavam.

À entrada em Jerusalém

Fora saudado com flores, ramos de oliveira e palmeiras.

Os homens colocaram suas túnicas no chão,

Para o rei de Israel passar.

Pensavam ter o triunfo nas mãos.

Com certa bulha,

Chegaram ao palácio de Herodes.

Os forasteiros se infiltraram na multidão

E no templo fizeram a maior confusão,

Não sobraram pombas, santos jogaram tudo no chão.

Os vivas e “hosanas” ao rabi da Galileia,

Foram considerados ultraje ao Clero e à lei

E todos considerados inimigos da religião.

Turbaram-se as esperanças redentoras,

Guardadas para outra ocasião.

O noticiário a respeito do Mestre,

Cada vez mais grave ficou.

As portas da cidade foram todas fechadas

E o visto sacerdotal amedrontou.

Diante do fato, os apóstolos assustados.

O Mestre falou: não vos apoquenteis,

O filho do homem carrega nos ombros

O fardo das dores dos seus!

Feri o pastor e as ovelhas se dissiparam.

Jeziel, lar onde Jesus se recolheu.

Pede para que ele fuja,

Por caminhos secretos,

A fim de evitar a tortura.

Caifás, o sumo sacerdote,

Queria o rabi sacrificar.

Jesus não hesitou,

Queria ser ele o único responsável

Pela imprudência insurreta que ocasionou.

Fora ele enquadrado pelas leis romanas,

De profanador das leis hebraicas,

E a ordem de prisão antes de sua chegada,

Já havia sido exarada.

E sua vida em holocausto foi dada,

Para salvar os apóstolos da grande cilada.

Esse ato heróico

Fortaleceu o Cristianismo,

O sangue inocente do Mestre

Vertido do alto da cruz,

Transformou-se no fermento divino,

Que uniu os apóstolos e difundiu o amor.

Caifás na sua sagacidade,

Semeou espiões no seio do movimento cristão,

Incentivaram a marcha a Jerusalém,

Para a grande aclamação.

Subornaram Judas para as falsas acusações

Inquirido por Pilatos. O rabi respondeu:

Não tenho a defender-me das acusações dos homens.

Pilatos comovido. Como te atreves a rejeitar meu indulto?

Não intentes salvar-me! Só assim o Cristianismo viverá.

Pilatos leva Jesus ao povo.

Que desejam a este homem?

E o povo recrutado a peso de ouro,

Grita: crucifica-o! crucifica-o!

Condenado, Jesus seguiu para o Calvário,

Levando chibatadas e zombarias

E com galhos finos de vime,

Trançaram a coroa sem espinhos,

Puseram na cabeça do Mestre e se divertiram.

Saindo pela porta de Damasco,

Maria Madalena, Salomé, Joana, Sara e Maria,

Aos pés de Jesus caíram.

Foram impedidas pelos soldados,

De o seu lado continuarem,

O que eles queriam era precipitá-lo para a maior agonia.

Diante do lamento das mulheres,

Verônica enxugou-lhe as lágrimas

E Joana deu-lhe água fria.

E novamente, puseram-se em marcha.

E seu corpo em febre ardia.

Sobre o rochedo, com aspecto de caveira,

Os amigos e parente oravam,

Os escarnecedores se divertiam.

Dois ajudantes o despiram,

Outro lhe dava vinho com mirra.

Bebida anestesiante para suportar a agonia.

Jesus mal tocou com os lábios a bebida,

Queria sofrer o martírio com lucidez espiritual,

Sabia que o Pai e o Cristo Planetário o ajudariam.

Do alto da cruz ele via,

Madalena, Salomé, Joana de Khousa, João, Marcos,

Tiago seu irmão, Tiago maior sempre seu amigo,

Ao longe Pedro apoiado em André.

E ao seu lado, Sara e Verônica amparavam Maria.

Satisfez Jesus e o encheu de alegria.

Os infelizes agentes de Caifás,

Antes de se retirarem do Gólgota,

Procuraram arrematar a sua ignomínia.

Desce da cruz, ó filho de Deus!

Chama teu Pai para te livrar do suplício!

Guarda-me um lugar no teu reino!

Para onde fugiram as tuas legiões de anjos?

Salva ó Rei dos Judeus no seu trono da cruz!

Desce da cruz, salva-te primeiro e nós seremos teus crentes!

Imensa ternura invadiu-lhe a alma,

Vibrando sob o mais puro e elevado amor,

Envolvendo aqueles seres tenebrosos num bálsamo purificador,

Jesus ergueu os olhos para o alto e sua voz bradou:

Pai perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem.

E esmagado pela dor mais cruel,

Pelo excesso de sangue nas artérias

A rigidez espasmódica pela obstrução progressiva da circulação,

Fez Jesus expirar, sem nenhuma outra palavra pronunciar.

Com a luz do relâmpago Tiago viu

Às três horas da tarde,

Quando o Mestre a cabeça pendeu sobre o ombro esquerdo,

Todos gritavam: Hosanas! Hosanas!

O Mestre expirou! O senhor nos atendeu!

O soldado malvado sua carne feriu.

Minutos depois o céu se abriu.

Trovões, raios, na terra sulcos se abriram,

Rompendo diques, extravasando rios,

E Maria abraçada à cruz, beijava os pés de Jesus.

Ao anoitecer José de Arimatéia e Nicodemos,

Conseguiu de pilatos autorização e sepultaram Jesus.

Já embalsamado com aromas, e coberto com lençóis,

E em procissão lamentosa Jesus triunfou.

Qual o crime do Anjo Sideral

Que nunca Pecou?

Eloina Lima
Enviado por Eloina Lima em 14/05/2008
Código do texto: T990018
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