SÚPLICA
Seguindo rumo incerto
Caminhos nevoentos
Espinheiros, sarças, caatinga,
De longe avisto
Esperança sob tênue luz
Busco
Certezas íntimas
Sinto
Carências plenas
Ergo
Os olhos súplices
À Fonte da Vida
Rogando saídas
Rola
A lágrima doce
Que o corpo produziu
De doces enche-se o sangue
Escoa pelas artérias e poros
A energia vital.
Do cansaço da alma e do corpo
Ressinto-me...
Construí ilusões
Sobre a alma frágil
Dos homens
Quebrou-se o vidro
Que as protegia
Agora eles se mostram
Como são...
Eu os via com os olhos
Doces de ternura
Sob o corcel
Da realidade indomável
Meu corpo se abateu
Como se eu fosse estranha
Num planeta ignoto
Degredada
Sentenciada
A emparelhar-me
Às espécies do lugar
Cujos disfarces caíram
E agora são faces nuas
Apenas cinzas
Cujos risos parecem esgares
Pálida lembrança
Dos sorrisos de outrora...
Eles mudaram?
Ou fui eu quem mudou?
Busco
No sorriso de esfinge
Refletido no espelho
O sorriso de menina...
Onde aquele olhar vívido?
Meus passos seguem lentamente
Uma estrada
Sem ponto de chegada...
Um mar sem ventos
Já quase faz parar
O barco à velas
Será assim
O porto, o cais
O fim?
Ainda rogo
Entre ais...
Resta-me um fio
Que me conecta à luz
Saudades imensas
De algum lugar
Onde eu sou
Não apenas fui
Onde estou
Vivo
Sorrio
E o amor se espraia
Como gotas de chuva
Em terra sedenta
Porteira escancarada
De cores
Luzes
E paz
De onde vim
Para onde vou
Acuda-me
Essa Força Infinita
De amor
Alcance-me
Essa luz perene
E paz na terra
Àqueles que buscam!
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