SÚPLICA

Seguindo rumo incerto

Caminhos nevoentos

Espinheiros, sarças, caatinga,

De longe avisto

Esperança sob tênue luz

Busco

Certezas íntimas

Sinto

Carências plenas

Ergo

Os olhos súplices

À Fonte da Vida

Rogando saídas

Rola

A lágrima doce

Que o corpo produziu

De doces enche-se o sangue

Escoa pelas artérias e poros

A energia vital.

Do cansaço da alma e do corpo

Ressinto-me...

Construí ilusões

Sobre a alma frágil

Dos homens

Quebrou-se o vidro

Que as protegia

Agora eles se mostram

Como são...

Eu os via com os olhos

Doces de ternura

Sob o corcel

Da realidade indomável

Meu corpo se abateu

Como se eu fosse estranha

Num planeta ignoto

Degredada

Sentenciada

A emparelhar-me

Às espécies do lugar

Cujos disfarces caíram

E agora são faces nuas

Apenas cinzas

Cujos risos parecem esgares

Pálida lembrança

Dos sorrisos de outrora...

Eles mudaram?

Ou fui eu quem mudou?

Busco

No sorriso de esfinge

Refletido no espelho

O sorriso de menina...

Onde aquele olhar vívido?

Meus passos seguem lentamente

Uma estrada

Sem ponto de chegada...

Um mar sem ventos

Já quase faz parar

O barco à velas

Será assim

O porto, o cais

O fim?

Ainda rogo

Entre ais...

Resta-me um fio

Que me conecta à luz

Saudades imensas

De algum lugar

Onde eu sou

Não apenas fui

Onde estou

Vivo

Sorrio

E o amor se espraia

Como gotas de chuva

Em terra sedenta

Porteira escancarada

De cores

Luzes

E paz

De onde vim

Para onde vou

Acuda-me

Essa Força Infinita

De amor

Alcance-me

Essa luz perene

E paz na terra

Àqueles que buscam!

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Joselma de Vasconcelos Mendes
Enviado por Joselma de Vasconcelos Mendes em 08/05/2008
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