Conversando com Deus
de Edson Gonçalves Ferreira
para Malubarni (em especial) e para todos que
acessarem esta página
Eis-me, Senhor,
Ouvi Tua Voz e na calada dessa noite,
Quando o calor do dia morre, batizado pelo sereno noturno,
Deixando minha sedenta do fogo do amor que procuro
E, agora, antes de deitar, respondo-te....
Eu me acho perdido na coreografia da vida,
Colorida de sonhos e desilusões
E Te busco desde a chegada do Sol
Até as madrugas mais triste
Quando, ao nascer novos dias,
A noite, às vezes, em meu ser, permanece...
E, agora, Senhor, me chamas a ocupar mais,
Diligentemente, o lugar como “craque” no grande campo da vida,
Os adversários são mais fortes que eu, Senhor, mas não tenho medo,
Eles têm seu atrevimento e a sua força,
Eu só tenho o meu temor diante de Ti
E a minha fraqueza humana
E a certeza de que, em nome do Teu Amor, poderei sair feliz do jogo
Não preciso vencê-lo, mas apenas jogar bem, não é, Senhor?...
Sou eu apenas eu, Senhor,
Um nada inacabado,
Nada mais,
Mas a Tua Melodia cresce dentro de mim,
Cresce tanto que vira uma sinfonia,
Orquestrada pelas vozes de meus familiares e de meus amigos,
É uma música tão entusiasta, tão cheia de síncopes
Que me conduz, melhor, Senhor, até a Tua Presença,
O acorde mais perfeito...
E enquanto essa melodia explode, Senhor,
Quero que minha voz singela como é seja capaz
Capaz de cantar essa canção,
Essa canção amorosa
E que ela possa ecoar pelo relevo de toda a Terra,
Fazendo que todos os homens acordem
Acordem para o esplendor da nossa humanidade,
Sim, tão esplendorosa que até Tu, Senhor,
Até Tu assumiste a nossa frágil dimensão!...
Senhor, Senhor, Senhor,
Responda-me, Senhor,
Porque meus olhos não se cansam de Te buscar,
Meus braços todos os dias se estendem em busca dos Teus
E não quero os Teus Braços Se estendam só para me envolver,
Quero que Eles envolvam todos
Todos que estão famintos das Tuas Carícias, Senhor.
Eis-me, aqui, Senhor,
Minha resposta é longa demais para ser dita de uma só vez
Deixo-Te, então, meu último apelo,
Santifica a nossa existência
E faze que eu seja um poema na solidão do meu semelhante
E que ele seja um anjo, acompanhando-me,
Sim, acompanhando-me na solidão majestosa da minha existência
Onde Tu, Senhor, nunca deixas de estar, nunca!
Divinópolis, 1974