PROCURANDO DEUS
Um dia minha alma importunou-me e o sono se esvaiu
Olhei para o espelho e eis que uma triste lacuna, contemplaram os olhos meus
Protestando em nome da paz e clamando por vida, meu ser se exprimiu
Eu pensava buscar por minha imagem, mas em verdade procurava Deus!
Suspeitei que O olharia na suposta simpleza de uma homilía
Ou quem sabe na sistemática de um discurso metafísico
Eu O imaginei habitante de cada basílica que em Seu nome se erigia
Ou então estampado nas virtudes manifestas de algum corpo físico!
Me propus ao reajuntamento de Suas multifacetadas manifestações
Quem sabe descobrí-lO a esconder-se no ópio do ceticismo
Mas nenhuma célula Sua cabe na plenitude de todas as religiões
Sua essência profunda transcende dogmas de qualquer catecismo!
Quase desfalecido pela agrura de meu descontentamento
Vi um brilho inaudito a fugir de um sorriso excluído e sem dentes
Na mais absoluta miséria, uma ponte de ouro, adentrava o firmamento
Vi pedaços de Deus refletidos na feição das mais anônimas gentes!
Deus sem trono e Deus sem cetro, sem as dízimas da hipocrisia
Não estava visível nas almas que usurparam Sua embaixada
Na cômoda e reacionária tradição, eu não O via
Deus só pode ser visto por quem avista em si mesmo, um nada!