Sou Mercúrio Terra
Nasci apartada pelas mãos da Mãe Terra,
Porque fui gerada em berço de algodão,
(a seda dos pobres e nobres de coração)
A lua sugeriu que meus gritos abrissem a noite,
E que tantos berros fossem presságio,
Da mulher endiabrada que ama sem causa.
Deveras ser assim tão destoante,
Hora fogo em brasa, toda palpitante
Cefeira dos prazeres migrantes,
Meu sangue é coroado pelo rubi dos índios gentis,
Minha carcaça tens origens dos lusitanos e suas barcaças,
Ora descobridores de um novo horizonte,
Desbravadores pálidos, da mais pura aurora
Sou mistura fina e púrpura,
Minha pele cor de cândida quando dança,
Revela naturezas selvagens e satânicas
Quando nasci, os astros cintilaram como prata
E com luxo, encarnariam todos os meus carmas,
Quem sou mais uma vez?
Espírito súdito e indúbito, de mais uma era desalmada!
Meus transcendentes entes,
Dão origem a tudo o que sou,
A árvore frondosa de minhas linhas genealógicas,
Mirram entorno de nobre arroio...
Se fosse outra coisa, não seria diferente em tese,
No fundo do meu ser, mercúrio continuaria a temperamentar
O que em mim é tal elementar
A raiz daninha por amar e mais amar
Somente a alma traduz a minha pátria,
E que define sem doer o meu caminho entrelinhas da vida,
Sou uma essência de forças nativas e radioativas,
Unicamente, malograda e amada.
Cefeiro = Inquisidor
Indúbito = Incontestável
Mirram = Do verbo mirrar, definhar-se, perder a energia, o viço...
Arroio = Percurso de rio intermitente,pequena corrente...
Malograda = Perdida, Frustrada, que teve mal êxito...