as bruxas estão soltas
as sombras das eras,
ressoa seu canto,
seu cheiro de ervas,
os ciclos da lua
silhueta nua,
na aldeia, no mato,
fé e culpa, fogo e martelo,
arderam em praças,
num grito singelo
mães, filhas, anciãs,
por serem o que eram
vidas humanas consumidas
brasa e memória xamã
séculos frios, livros fechados,
traços e passos calados,
cinzas em nova alvorada
nos contos e nos sonhos
seus feitiços em glória,
encantados caldeirões
de cultura e memória
que fala com plantas
que escuta o vento
rituais que dizem
na voz de cada mulher
que dança com a lua,
que sabe o que quer
não são iguais, são muitas,
novas e antigas
bruxas de ontem e de hoje,
bruxas amigas