Mergulho
De olhos fechados mergulho
Nessas águas misteriosas
Nesses vastos oceanos de emoções
Que às vezes escorrem, delicadamente como filetes de um pequeno riacho, como orvalho ou gotas de chuva em discretas lágrimas
Como garoa suave que molha a flor sedenta que brotou, timidamente por entre pedrinhas no solo árido
Em outras vezes, é como água que brotou do alto, que não sabemos se veio de uma nuvem
Ou se foi uma montanha que recebeu um raio de sol
E vai se avolumando, descendo mais forte, fazendo uma cortina d'água de cachoeira
Cachoeira que Mamãe Oxum abençoa e usa pra lavar nossas dores da alma
E que, caudalosas vão lavando e levando pra longe, bem longe o que nos feriu
E, então, desaguando no Oceano de Yemanjá, que leva lá pro fundo do Mar pra transformar com todo seu amor, em aprendizado, o que antes era só dor
E como as ondas que vão e vêm, mas que são tantas e ao mesmo tempo tão únicas, também as emoções vão se transformando
De olhos fechados, mas dá pra ver ao redor, porto seguro e emergir e buscar a terra firme
Os olhos se abrem, como o sol que desponta no horizonte a cada amanhecer
E, então, passadas as lágrimas, a gente se lembra de sempre Agradecer.