A ASCENSÃO
Resolvi escalar o morro da vida,
com olhos fixos no horizonte que me chamava.
Sabia onde chegar,
mas o caminho se impunha como prova.
Pedras feriam meus pés,
galhos secos agarravam minha pele.
O silêncio escondia perigos
animais peçonhentos entre sombras.
A sede apertava a garganta,
o ar rarefeito sufocava os pensamentos.
Medo sussurrava,
tentando me convencer a voltar.
Ainda assim, a altitude me fascinava.
Cada passo era uma promessa,
uma pergunta sem resposta.
O que haveria no topo?
A verdade dos homens, escrita em pedra?
A verdade de Deus, soprada pelo vento?
Ou apenas o vazio,
onde a ilusão se desfaz?
O solo plano, lá embaixo,
parecia simples, acolhedor.
Talvez a verdade estivesse sempre ali,
naquilo que é leve,
que não exige escaladas.
Mas o morro me chamava.
E na subida,
encontrei apenas o eco das minhas próprias perguntas.
Tião Neiva