Mãe Lua
No véu da noite, suave e serena
Surge a Lua, mãe do tempo, amante do mar
Seu olhar de prata, em calma amena
Acaricia o mundo sem nada cobrar
Ela vela os sonhos dos que se perdem
Sussurra segredos nas ondas do céu
Lá do alto, as sombras dissolvem
Tocando a Terra com brilho fiel
Seus braços estendem-se em luz e neblina
Tecendo mistérios no breu infinito
Com passos silentes, dança e fascina
Regendo marés num encanto divino
Nos olhos dos lobos, é chama ardente
No peito dos poetas, é verso e paixão
No canto das águas, flui suavemente
Guiando as almas na escuridão
Mãe dos viajantes, farol da jornada
Guardiã dos sonhos que o vento levou
Com suas fases, ensina a estrada
Tudo renasce, nada acabou
Assim ela segue, no ciclo eterno
Testemunha do tempo, amante do sol
Na noite fria, em seu brilho terno
É mãe, é luz, é vida em arrebol.