SOU DO SANTO
Eu visto branco,
Eu oro, eu canto,
Me banho com ervas,
Defumo meus templos,
Bato palmas,
Alimento a minha alma,
Arrio oferendas aos Orixás,
Chamo os catiços para trabalhar,
Faço minhas mandingas,
Emano encantos,
Louvando ao sagrado
Com muita fé e devoção.
Eu rodo a baiana,
Brinco como criança,
Gargalho para espantar o mal,
Limpo as demandas nas ondas,
Aconselho com sabedoria de vó,
Coloco a boiada em seu devido lugar,
Chacoalho meu pandeiro no ar,
Jogo na vida, dançando e vencendo,
Me calo e me faço caçador
A atirar uma única flecha certeira.
Eu nunca estou só!
Sim, eu uso branco,
E com orgulho.
Eu sou do povo de santo,
Sou de Atotô, de Oke Arô, de Odofeyá,
Sou de Ogunhê, de Ora IêIêo,
Sou de Kaô Kabecilê!
Sou de Eparrey, de Salubá, e Epa Babá,
Sou de Laroyê, de Alupô, de Oyó,
Sou Omibejada.
Eu sou de fé, de Saravá e de axé.
Junto à minha espiritualidade,
Trabalho o amor e a caridade.
Agô, N'Zambi!