Inverso da Invenção

Não inventei a saudade, nem tão pouco o tal amor.

Esta tal felicidade, contos de vis corações.

A dor que escorre dos olhos, o choro da derradeira.

Suor que nada se paga, a liberdade, estradeiro.

Nem se quer li a cartilha, expulso da santa escola.

Todavia, há um jardim que acolhe almas loucas, inventei os meus canteiros, de belas e feias flores.

Eu sorri e vi beleza, pelas frestas da janela.

Escrevi feias tolices, outras mais, pouco entendido.

Pelo avesso deste ego, fui andante e rebeldia.

Minha visão era turva, não seguia os tais caminhos.

Pelo avesso do ser meu, perdi o medo da morte.

Não inventei minhas guerras, não fui vilão, nem bandido.

Ouvi pela manhã, o canto de em sabiá.

Vi num cachorro, a meiguice de uma criança.

Não inventei a tal dor, afugento a, com olhos simplices.

Esqueci a vereda que dá na estrada velha.

Vou plantar romãs, ipês...

João Francisco da Cruz

23/12/2024