AS DORES DA ALMA
Há na existência uma sutil diferença,
Entre a dor da carne e a dor da essência.
A da carne, por mais que perdure,
Tem seu fim no túmulo, onde tudo obscure.
Mas a da alma é profunda e latente,
Acompanha os séculos, segue presente.
Quando a carne descansa, fria e silente,
A dor da alma renasce, pungente.
Na carne há febres, rupturas, feridas,
Gases, espasmos, doenças contidas.
Remédios aplacam, técnicas acalmam,
E até drogas potentes, por vezes, salvam.
Mas e a dor da alma, como curar?
Onde está o bálsamo para a aliviar?
Nem pomadas, nem cirurgias,
Só o tempo eterno e novas vidas.
O medo, a angústia, a desesperança,
São chagas sutis que a alma alcança.
Apenas o ciclo, a reencarnação,
Traz o alívio e a renovação.
Por isso, viver bem é o segredo,
Plantando bondade e vencendo o medo.
Pois quem bem vive, ao partir entenderá:
Que para morrer bem, é preciso amar.
Tião Neiva