Cântico - Solidão do Amado

No ermo sagrado, a alma se esconde,

Ferida e sedenta de ardor;

Oh mistério divino, que tudo responde,

Na noite do nada, és todo o meu Amor.

Caminho sem passos, silêncio fecundo,

Treva que brilha com fogo de Alguém;

No véu do vazio, transcende este mundo,

E nele me encontro perdida em teu Bem.

Oh chaga invisível, dulcíssima espada,

Que rasga a mortalha do ser e do eu;

Na morte do ego, minh’alma incendiada

Contempla o eterno que em tudo nasceu.

Amado que chama, voz inaudível,

Tens lábios que falam a essência do ser;

Por ti a minh’alma se faz indizível,

Rendida ao mistério que é ver e não ver.

Que importa o deserto, a ausência sentida,

Se em ti, solidão é íntima união?

Na dor deste exílio, já sou redimida,

Pois tua presença é meu coração.

Oh Noivo que espera, no abismo profundo,

Minha sede és Tu, meu céu e lugar;

Na noite infinita que envolve este mundo,

És tudo, e em tudo me vens abraçar.

Lorena Borba
Enviado por Lorena Borba em 07/12/2024
Reeditado em 07/12/2024
Código do texto: T8214301
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