ORIGENS

 

 

Se queres saber de tuas remotas origens

Lança-te ao infinito, sobre vastos horizontes

Que ali, bem ali, atras dos obscuros montes

Onde o leito da terra é reservado às virgens

 

Sob a regência de uma grandeza tanta

Na vasta relva onde o Sol em luz se deita,

Outrora o céu desposou essa terra eleita

No fervor da cópula mística e sacrossanta

 

E no fúlgido âmago sobre trêmitos altares

Múltiplos astros adentraram-lhe o núcleo

Inundando a Terra e seu térreo glúteo,

De líquida seiva em que se formaram os mares

 

No decorrer do tempo, da milenar gestação

A natureza canta no embalo das demoras

Cantos infinitos ao badalar das horas

E a seu termo rompe-se a vida em pulsação

 

Desde então a humanidade isenta de memória

Busca resgatar o seu longínquo começo

E nesses versos, onde o Universo teço

Traço o esboço de tal vívida história

 

O que o homem, dentre as criaturas, ignora

É que a terra cobra num desumano ofício

A vida e o corpo em horrendo sacrifício

Ao Deus Pai que nesse altar se adora !

 

 

Yelris Sevla

 

Goiás, 17 de novembro de 2024