Contemplo o Mistério
As palavras tocam levemente o mistério
o Tu Infinito que vejo manifesto
nas flores sementes e frutos,
na brisa mansa e na chuva que cai.
Palavras, conceitos limitados que elaboro,
descubro e reescrevo no simples ato de existir.
Teorias e planos esotéricos se misturam
numa confusão de mil perguntas.
Volto às palavras com angústia, medo
e perplexidade diante do abismo.
Tenho sede, mas estou no deserto,
a cacimba secou e o balde se perdeu.
Minhas palavras são gritos e lamentos,
saudades e sonhos de um paraíso futuro,
contam histórias de libertação
de escravos em luta, rebelião do “resto”,
dos proibidos de pensar e ter palavras de vida.
Vozes que se multiplicam em pequenos gestos,
numa ternura infinita a invadir meu ser,
com palavras de aconchego encontro e diálogo.
O Tú Infinito se revela olhos, ventre, pés e mãos,
corpo de pessoas que povoam minhas memórias.
Em tantas histórias contemplo o mistério.