Eu também saúdo Walt Whitman
Caminho pelo out let de uma cidade estrangeira
E é como ir por uma floresta,
milhares de árvores, gente indo e vindo, como animais entrando e saindo das lojas
Caminho devagar, olho aqui e acolá
Nada me toca nem eu toco em nada
Passo ileso,
e me pergunto, por que?
Não preciso de pele nova
nem de retoques,
Tenho é que rasgar a que tenho
Deixar sair o mofo,
deixar a luz entrar.
Li Walt Whitman está manhã.
Deu-me outras vontades.
Quero é me vestir com o além das coisas, com o além de tudo
Agora com um pouco mais de setenta anos , realizo;
Contentei-me com muito pouco até agora
Não preciso de novos livros,
novos mestres
mas, sim de rele-los todos,
reler cada página, paragrafo, palavra, e cada nota de rodapé;
De novo, pousar olhar demoradamente
em cada face, em cada gesto de cada ser que cruzao meu caminho.
Ah ! Senhor Walt
Eu também de saúdo,
e como Fernando Pessoa,
também sou você,
aliás
somos todos você,
nós que não nos contentamos com pouco,
Nós que queremos o infinito,
sonhamos estar em todos e em tudo ao mesmo tempo, e continuar a sermos
nós mesmos.
Velho,
Deveriam te ler nas igrejas,
na abertura dos cultos,
abrir as janelas dos corações,
libertar suas almas,
deixa-las voar,
e por si e dentro de si
encontrarem a luz
E aí sim, orarem no mais absoluto silêncio;
quem sabe compreenderiam melhor
as mensagens do mestre e dos seus apóstolos;
alguns talvez, até descubram como eu que você pode ter sido um deles.
Caminho,
entre os milhares de ansiosos, e alegres compradores,
Eles não me conhecem, não os conheço,
Ainda assim, não me parecem estranhos para mim,
Eles vem de toda parte,
este é um país de aventureiros,
Eu não entendo suas línguas,
Mas eles não parecem estranhos
Algo que a nossa pele esconde
nos irmanam,
ainda que muitos
não se deem conta.
Obrigado Walt
Grácio Reis