Partícula
Sou o todo, do mundo que me cabe, da existência e vida, uma morte que não finda.
Ciclo, elo contínuo, um deus de mim, um demônio que invento.
A cor de luz e sorriso, a dor, a tinta cinza, um siso de dente.
O indecente da rua, o ébrio que se levanta, a curva feia da estrada, o floral que exala amor.
A decisão de amar, vereda e caminho bom, o atalho que tem pressa, a ponte que cruza rios.
Partícula sem medida, só um ponto de existência, criador e criação.
Sou a foto de cor mórbida, o moço que se fez velho, uma criança outra vez.
O início, meio e fim, só um ponto de verdade, mentiras que desconheço.
Um pintor de quadros belos, em manhãs, bem sóis bonitos, na noite que adentra, um medo.
Sou, só partícula de tudo, do deus sábio, sombra e mal, a invenção que criei.
Sou o todo...
João Francisco da Cruz