A tez da alma

Fina, branda e alma, bem essência, a tez é nada.

O que sai, sal e saliva, do corpo mórbido, tudo esvai.

Merdas, sangue e suga, escroto o osso de câncer.

Do que vale esta matéria, feia e metida de orgulho.

Da passagem que só resta, uma essência, alva e pura.

Da tez e pele que toca, à alma, subsiste, alegra um carinho, ou sangra se um tapa.

Corpo, morada dos fracos, uma casca de ilusão.

Numa manhã é bem flor, na noite que adentra, é um pó, um resquício, tórrido chão.

Vence a luta, unhas e semblantes, o belo cabelo, uma feiúra de tez, que fim, se faz.

Se propaga entre as nuvens, céus estranhos, medos, tantos, a alma livre outra vez.

Deixou a casa velha, a roupa, que outrora, estragada.

Fina, branda e alma...

João Francisco da Cruz