No muito
Deste travesseiro e descanso, bem pau à pique, meu rancho, lugarejo de alma clara.
Ouço os grilos, sapos e sábias, um contentamento de um deus.
Cantos, de madeira, rede e beleza, sob o céu de mil proezas, adormeço sono de menino.
Um desatino de morte, se morresse eu, sem norte, perdido por entre os homens.
Ah, que lua linda lá fora, enfeitando de prata, um reluz sobre o riacho.
E urutaus que cantigam, de sons noturnos e galos, madrugada de sertão.
De muito, só peço a Deus, que só deixe o canto meu, só melodias de amar.
E entre as frestas de portão, ver no monte, no espigão, pintura doce de um sol.
Não preciso em demasia, um aconchego de paz, um recanto de dormir, águas que levem meus ais.
Deste travesseiro e descanso...
João Francisco da Cruz