“As grandes dores são

  mudas”

                 Khalil Gibran

 

 

“E a minha voz nascerá

  de novo,

 talvez noutro tempo sem

 dores,

 e nas alturas arderá de novo

o meu coração

ardente e solitário”

               Pablo Neruda

 

 

O CHAMADO

 

Ouço vozes

que vem

pelos caminhos do ar

de um horizonte distante

a voar, a voar

Tocam minha fronte

e pousam

no meu coração

 

Não, não é em vão

sentir a dor do mundo

e mesmo que seja

por um segundo

abala todo meu ser

 

E como

por um dever

maior que a própria vontade

ponho-me em oração

por tantas vítimas

da ignorância, da maldade

e da incompreensão

humanas

 

Insanas atitudes

insanas decisões

tramadas em escuros porões

onde a humanidade padece

 

A realidade é mais grave

do que parece

 

Que esta prece

tenha o poder

de preencher

de Luz e de Amor

cada alma sofrida

promovendo a cura

até onde for permitida

 

Como a água pura

bendita

a fluir pela terra árida

preparando

um novo plantio

um novo desafio

como deve ser

o novo amanhecer

 

Cada ser

a correr, a correr

para sua Divina Essência

para o interno

rio da vida

para o despertar

de uma nova consciência

 

 

Claudio Lima

 

Poema, fruto de vivência

mediúnica

23 junho 2024 – 7h30min

João Pessoa – Paraíba

 

 

 

Um dos maiores poetas brasileiros,

Carlos Drummond de Andrade

publicou “Mãos dadas” em 1940,

No meio da Segunda Guerra Mundial

em seu livro: Sentimento do mundo.

Observem a atualidade deste seu texto

poético de primeira grandeza:

 

 

MÃOS DADAS

 

Não serei o poeta de um mundo

caduco.

Também não cantarei o mundo

futuro.

Estou preso à vida e olho meus

companheiros.

Estão taciturnos, mas nutrem

grandes esperanças.

Entre eles, considero a enorme

realidade.

 

O presente, é tão grande,

não nos afastemos.

não nos afastemos muito,

vamos de mãos dadas.

 

Não serei o cantor de

uma mulher, de uma história,

não direi os suspiros ao

anoitecer,

a paisagem vista do jardim,

não distribuirei entorpecentes

ou cartas de suicida,

não fugirei para as ilhas

nem serei raptado por serafins.

 

O tempo é a minha matéria,

do tempo presente,

os homens presentes,

vida presente.

 

 

Claudio Lima
Enviado por Claudio Lima em 07/07/2024
Reeditado em 08/07/2024
Código do texto: T8102010
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