Amor além do sol

De sol que adentra, deleita em queda e sono, descansa em mares, céus e montes.

Todo dia é uma partida, um sorriso de curva, uma tristeza que espera.

Trem de estação curta, beijo que se desgasta.

Almas se amam, na terra, nos confins dos mundos.

Há uma estrela bem distante, que chora na obscura turva.

Invento amores, pinto meus retratos de sorrisos.

O riacho não morreu de solidão, entoou uma canção às pedras.

Logo adiante, após o desconsolo, uma primavera de quintal, um assovio de passaredo.

A noite densa de hoje, não me abateu tanto, no canto de saudade, lembrei me de ti.

Debruça sobre um céu de madrugada, o olhar meio vermelho do matutino rei.

Depois da chuva que resmungou, sobre a lama desta noite, ressurge de fios e luzes, o astro.

Todo dia é uma vida, um meio de risos, metade de um choro, um fim de morte.

Como sóis, vão e vem, rios, luas, sorrisos, mentiras e tristezas.

Enquanto escrevo, insisto, um pouco deste ego se decompõe, um riso de recomeço, uma esperança de amor.

A morte não abateu meus sonhos.

João Francisco da Cruz