Passagens de um tempo
Passei um tempo, uma volta de ponteiro, um riso, um choro, uma marca dos céus.
Não notei o por do sol, perdi a hora e a montanha, fiquei deste lado.
Esqueci dos olhos teus, do banco e balanço, do beijo terno de outrora.
Da estrada funda de arvoredo, da casa de tábua, do riacho e lugarejo.
De tudo que foi rosa em meio às cinzas, do no nosso canto de amor.
Vi como em quadros velhos, uma saudade estranha, um desejo de retorno.
Naquele caminho de casa, fui dormir um sono curto, uma canção de pássaro bonito, e não quis mais, bem, voltar.
Todavia, eu voltei, no palco que nada muda, no escadario e cenário, os personagens, os mesmos.
Mudei de cor meu vestido, este andar é galante, eu odiava chapéu.
De veredas, de caminhos, trilhas, tantas, belos rostos, uns demônios à prosear.
Este ciclo, como um Sol, como noites de luar, de sorrisos, de murmúrios, como ondas deste mar.
Se repete, muda nunca, uma roda de brincar.
Passei um tempo...
João Francisco da Cruz