SOB O SOL E A LUA
Olhei a imensidão da cidade e só enxerguei o deserto que habita em mim;
Meus sentidos já dormentes requerem atenção;
A mente pensa, mas o corpo não reage mais, não tão rapidamente como antes;
O cajado que outrora carregava hoje me sustenta;
Os pés não sentem mais o solo;
A luta não tem sentido.
Caminhei por vales sombrios e temerosos…
Atravessei oceanos tempestuosos e turbulentos…
Escalei montanhas pedregosas e cortantes…
Fui ferido inúmeras vezes...
Porém nada me deteve.
Na sombra do onipotente repousei, abrigado do calor insuportável…
Nos braços desconhecidos confortei-me, abrigado do gélido frio cortante;
Eis que em mim encontrei o que buscava, Sombras e Luz.
Quão insano estou?
Quem poderá me subjugar ?
Quando enfim irei tombar?
Quem o meu último beijo dará?
Descobri a imortalidade…
Descobri ser mais que um homem…
Descobri ter mais do que meros medos…
Descobri o que ninguém poderá ver ou entender.
Quando olhei ao horizonte percebi que a jornada ainda não havia cessado;
Quando olhei para trás, ah… saudades dos velhos erros que hoje não posso repetir.
Em frente me dispus a caminhar…
Me arrastar…
Suportar o restante do caminho dolorido…
Sob o Sol e a Lua…
Duas pérolas que me cabia carregar,
Então percebi que era meu criador a me acompanhar.