UM FILHO DE OXOSSI

UM FILHO DE OXOSSI

A história vem de lá

Do nordeste trigueiro,

Aonde respinga o suor suado,

Sofrido, marcado

E sem qualquer aviso

Seca o riso

Chove o pó,

E no meio dessa poeira

Um sonho maior flutua brejeiro,

Marola mar afora,

Corre rio adentro

E desliza na cachoeira,

E entre estes canais

O vento soprou melodia sonora,

Feito andante sem eira nem beira,

Dissipou dores e ais,

Rebuscou sina e sorte,

Transpassou o sul, apontou o norte,

Feito furacão virou e revirou no ar

Pra anunciar:

Festa no solo sagrado

Festa no chão da terra

E as vozes do além

Diziam:

“A hora é justa, o minuto consagrado”

Amém!

Assim o choro do nascido ecoou!

Sob o estrelado véu azul celeste,

E no céu do sertão agreste

Uma nova estrela cintilou

Okê aro!

O Senhor da caça e fartura

Estendeu sua lança, apontou a criatura

E dançou sob o olhar severo do velho Orixá,

O desígnio estava traçado!

Os outros ficaram na espreita,

Essa cabeça já estava eleita.

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Vem menino! Corre menino

Espera-te a vida

E na vida a lida.

Acorda menino. É dia, é hora,

Vamos embora!

Asé!

Escrito em 30/01/07