MEDO DO VOO
Guio-me o risco de não me arriscar outra vez
Embora pouco espaço ocupe na estante
Mesmo assim avisto-o na prateleira
É sedução não publicitária, ato gratuito
Não há coragem de, de novo, o folhear...
Pensar que se trata de uma obra bem fina
Mas de riscos inevitáveis, mergulhos vários
De tal modo que se há medo de mergullhar
Há quem tema suas próprias profundezas
E toda profundeza esconde fugidios mistérios
de desapropriação de submundos internos...
A gente tem medo mesmo é de se soltar
Se soltar das coisas palpáveis, medo do voo!
Medo de tocar sem tato, de dizer adeus
Vez ou sempre, a gente se agarra àquilo
que não oferece sustança à imaginação
Isto é: aquilo que nutre nosso Espírito
enquanto cerne abstrato que perdura.