MEDO DO VOO

 

Guio-me o risco de não me arriscar outra vez

Embora pouco espaço ocupe na estante

Mesmo assim avisto-o na prateleira

É sedução não publicitária, ato gratuito

Não há coragem de, de novo, o folhear...

 

Pensar que se trata de uma obra bem fina

Mas de riscos inevitáveis, mergulhos vários

De tal modo que se há medo de mergullhar

Há quem tema suas próprias profundezas

E toda profundeza esconde fugidios mistérios

de desapropriação de submundos internos...

 

A gente tem medo mesmo é de se soltar

Se soltar das coisas palpáveis, medo do voo!

Medo de tocar sem tato, de dizer adeus

Vez ou sempre, a gente se agarra àquilo

que não oferece sustança à imaginação

Isto é: aquilo que nutre nosso Espírito

enquanto cerne abstrato que perdura.

 

Kélisson Gondim
Enviado por Kélisson Gondim em 29/04/2024
Reeditado em 29/04/2024
Código do texto: T8052756
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