Nada de mim
Não sei nada de mim
Que não venha do coração
De dentro e tão profundamente
Sim, como semente a brotar pelo chão
Natural, espontâneo e simples como o pão
Da vida, que tira a fome do homem
Que tudo come até limpar o chão
Menos a alma que o atormenta sem perdão
Nada de mim é completamente meu
Dos pais, o caráter e a bondade
Da partilha, ternura e caridade
Sendo meu é também seu
Tudo na mais absoluta fraternidade
Dos Amigos, a certeza de um abraço
Que conforta e nos tira o cansaço
Do peito e da alma
Inexplicavelmente nos traz a calma
E nos conduz à serenidade de um regaço
Nada absolutamente vem de mim
Corpo físico e pura matéria
De tempo volátil tal qual a quimera
Reluz nos quatro cantos, mas é certo o seu fim
De dentro e tão profundo
Porém ⁴nada de mim.