A MATUTA
Noite fria é ter um céu
De carambolas (fartura sempiterna)
E a cornucópia vazia
Imagino lá em cima
Essas frutas maduras
Caindo do pé — Não caem, Senhor?
Ouço que a chuva é doce
O destempero é meu.
Mas quem temperou
Os mares não fui eu — Pronto, falei!
A minha 'vozinha 'do céu
Faria um almoço de domingo
Todos os dias (ela era uma santa).
"Saco vazio não para em pé". Eu cultivo caraminholas.
O cabo da enxada faz calo
E o calo n'alma de um rei? Será que sara?
Lanço a braba e digo amém.
O broto do marmelo já se eleva
Essa terra é velha. Matuta sou eu, meu bem!
Finjo que a fome é apenas birra
É só mais uma birra — Dormindo passa!