VAI, POEMA!
Vai, poema, e diz a ela
que se atraquem juntos
aos pés da cama, seja o sonho.
Instalados, hirtos e aéreos,
levem rosas às damas — Um mar
estranho burla suas órbitas.
As vozes das suas de antes
ressoam retintas 'Onde aporto?'
A ressaca invade o quarto.
Seus braços são âncoras
Ninguém chega, quem se importa?
Vai, poema, a vida é verso;
às vezes, mal lido por leigos
e outros vão-se incompletos
com tantos porquês do choro.
Vai e salva aquela que sangra,
ainda que esteja pálida, porque somos.
Se for breve, sei que será salvo.
— De ser obsoleto.