TEMPO (XXXV)
Nascido em águas escuras
Olhos tampados
Pulmões afogados
Condenado a rastejar.
Por tanto clamando à cura
Medo criado
Poder selado
Serpente tentando voar.
Tempo ao tempo
Tempo arde
Tempo brota
Tempo voa
Tempo é temporal
Tudo é temporário.
Que a água retorne à água!
Que o fogo queime!
Que o ar ventile!
Que a terra desabe sobre a terra!
Na eterna canção dos cinco elementos
Apenas um tem voz
Aquele que grita em silêncio
Aquele que sempre soube (mesmo sem saber).
Contra o quebrar das ondas
Tendo tanto pelo que se entregar
A estrela precipitou-se e caiu
Destinada a brilhar.
Não há vitória enquanto fim não há.
Há sempre o virá.
Mas brindemos hoje ao eterno agora
Quando o caminho se ilumina (em luz e fé)
E soa a melodia das esferas
Que aquele garoto, triste e solitário,
Foi capaz de escutar.
Por hoje eu sou a noite.
Logo hoje eu sou o mar.
Tudo fui e tudo ei de ser
Enquanto capaz de encantar.
Ruge tempo
Urge temporal
E no centro de tudo ascende,
O fervor celestial.
10/02/1989