CÁRMEN CINIRA VOLTOU... 10h12min. *

CIGARRA MORTA

Chamam-me agora aí

Cigarra morta,

E não poderia haver melhor definição,

Porque caí estonteada à`porta

Do castelo em ruínas,

Do desencanto e da desilusão!...

Minhas futilidades pequeninas...

Meus grandes desenganos...

Eu mesmo inda não sei

Se é ventura morrer na flor dos anos...

Sei apenas que choro

O tempo que perdi,

Cantando em demasia a carne inutilmente;

E vivo aqui somente,

De quanto idealizei

Do belo, de perfeito, grande e santo,

Que ainda hei de realizar

Com a rima de meu verso e a gota de meu pranto.

Dá-me força, Senhor,

Para concretizar meu anseio de amor:

Evita-me a saudade

Da minha improdutiva mocidade!

Eu não quero sentir,

Como cigarra que era.

A falta das canículas douradas

Sob a luz de ridente primavera.

Já tombei cansada de cantar,

Calando amargamente,

Perdoa, Deus de Amor, o meu pecado:

Que eu olvide a cigarra do passado.

Para ser uma abelha previdente.

Dados da Federação Espírita Brasileira.

Nome literário de Cinara do Carmo Bordini Cardoso; nasceu no Rio de Janeiro, em 1902, faleceu em 30 de agosto de 1933. Sua espontaneidade poética era tão glorificou o amor, a renúncia, o sacrifício e a humildade, em obras como: Crisálida, Grinalda de Violetas, Sensibilidade.

Adendo nosso.

*Cármen Cinira, participou com oito poesias de rara sensibilidade, através do sensitivo Francisco Cândido Xavier, quando tinha tão somente 22 anos, neste seu primeiro livro psicografado em 1932. Alias, este monumental livro, de 702 páginas, tem a participação de 56 poetas alguns até de Portugal, a edição que temos em mãos é uma edição comemorativa dos cem anos do nascimento do médium, 2010.

Há os creem nesta “possibilidade”, isto é, dos “mortos” poderem voltar a escrever através de um sensitivo, eu creio! E, este livro é uma prova inequívoca desta

“possibilidade”, visto que o médium não chegou a concluir o curso primário, e então como poderia “imitar” estilos de poetas, reconhecidos no mundo das letras? 10h55min.

Em tempo: na primeira edição a poetiza não “aparece” , pois desencarnou um ano depois do lançamento do livro, 1933, mas, sim nas próximas edições.

Curitiba, 22 de janeiro de 2024 – Reflexões do Cotidiano Saul

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Walmor Zimerman
Enviado por Walmor Zimerman em 23/01/2024
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