MÃE É TUDO...
Meus olhos se abrem
E os seus já se vão bem longe
Me destes o fôlego o hálito o sopro
E agora dormes num descampado
Teu coração descompassado para
E não mais te refugias neste inoperante corpo
Denso que se oxida com o passar do tempo...
Teus olhos tuas pupilas meu jazigo
E agora jazes em teu abrigo
E pensar que nas engrenagens do mundo
Saí do umbigo de teu ventre profundo
Para que meus olhos de fecho-ecler
Deslumbrassem as cores de matize fecundos.
Já te vais sem despedidas
Sem cor nas entranhas do ar rarefeito
Mais fostes aguerrida
Deixastes tudo organizado teus fetos teus feitos teus netos
Teus filhos que mamaram teus peitos...
E olha que enfrentastes tantas lutas traição
Câncer, doenças de todas as cores de todas as dores
E mesmo assim ainda fostes feita de todas as flores
Nem morrestes ainda e nunca haverás de morrer
Que vida que é vida não se finda
Mais já te escrevo minha mãe e rainha infinda
Sei que estás muito sofrida e queres te libertar das amarras do sofrimento
Que te agoniza neste corpo morimbundo
Que nos abandona na calçada fria como um mendigo ou vagabundo…
Fizestes bem feita tua missão mãe amada
A tua cruzada agora é outra
Papai do céu te chama
Para agora fazeres parte de outro corcel
De um outro pincel que pinta de alegria as cores do céu…
Pois aqui deixastes a brochura mais linda do teu sorriso,
A imorredoura pintura de tua presença...
O teu jardim estará sempre florido
De uma saudade chamada momento e dura uma eternidade…
Tudo no mundo tem sua digital
Seus dedos tortuosos
Seus cabelos ondulados
Sua cadeira na varanda
Seu quarto útero da saudade…
Teus santos no altar
Sem teus pedidos
Sem teu hálito credo sem teu ar
Se eu pudesse te devolveria
Todo fôlego que me destes
Para que assim do novo
Por um milagre voltasses a respirar…
A senhora em minha vida
Sempre será mais presente que o nunca
Porque eu nunca viveria tao pouco
Pra deixar a senhora ir pra este lugar
Que se chama lugar nenhum
Onde eu possa te achar…..
Mais acredite é pra lá que eu vou
E tenha certeza que não é pra te trazer de volta
Mas sim para receber de volta os que aqui ficaram.
Nada é para sempre… a não ser o nada
E nessa vacuidade sem oxigenio
A saudade é… ao invés de existir por um fio
E a lágrima confirma o teu silêncio…
E aqui tá tão frio....tão frio.