Avad

Oh, cordeirinho

O que fazes neste lodaçal?

Por que longe do teu rebanho estás?

Por onde anda teu pastor?

E por que te falta a devida lã?

Avad é meu nome

Do meu rebanho, apartado fui

O lobo, um dia, por pastor se passou

E, com suas garras, minha lã tosquiou

Oh, cordeirinho

Por que daí não sais?

Por que não procuras a teu pastor?

Pastos verdejantes te aguardam afora

E, no devido tempo, nova lã te surgirá

Minhas patas o lobo laçou

Inocência e virtudes - delas se fartou

Abatido e imundo, por socorro eu clamei

De lodo e sangue, coberto aqui estou

Oh, cordeirinho

Alva é a lã que de ti nascerá

Basta, apenas, meu cajado alcançar

De ti bom exemplo a outros farei

Do vil tremedal de onde um dia o tirei

Cansado estou por muito tentar

E sei que à espreita o lobo sempre estará

Temo por outros a quem ele possa tragar

A que custo deveria eu ainda arriscar?

Mágoa é o lodo que outrora te maculava

Perdão é o cajado que hoje te salva

Ao lobo, juízo será aplicado

Pelo pastor dos pastores

Que anseia em ver-te curado!

Samuel Knevitz Silveira
Enviado por Samuel Knevitz Silveira em 09/11/2023
Reeditado em 10/11/2023
Código do texto: T7928499
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