ZEM

Formiga quando quer se perder cria asas

Eu quando quero me achar, me perco por completo.

Melhor é ficar olhando uma estrela que passa no céu

Sem nenhuma pergunta a fazer.

Retorno-me e descubro-me por entre as folhagens

De uma árvore qualquer.

Não importo com nada.

Não busco nada e busco tudo quanto quero.

Sou uma folha que balança no pé de um cajueiro.

De minha própria flecha sou o arqueiro.

Dizer não já não basta nesse retrato assim:

Ando 3x4 e a vida prossegue,

Eu negativo revelado em preto e branco

Só para dar o que falar.

Sou silêncio de uma longa noite.

Sou uma noite em pleno repouso.

Sou a solidão da rua em noite enluarada.

Sou o silêncio da beira da estrada,

Só isso, mais nada.

Rio Verde - GO, 1998.

Aires José Pereira
Enviado por Aires José Pereira em 29/10/2023
Código do texto: T7920005
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