ZEM
Formiga quando quer se perder cria asas
Eu quando quero me achar, me perco por completo.
Melhor é ficar olhando uma estrela que passa no céu
Sem nenhuma pergunta a fazer.
Retorno-me e descubro-me por entre as folhagens
De uma árvore qualquer.
Não importo com nada.
Não busco nada e busco tudo quanto quero.
Sou uma folha que balança no pé de um cajueiro.
De minha própria flecha sou o arqueiro.
Dizer não já não basta nesse retrato assim:
Ando 3x4 e a vida prossegue,
Eu negativo revelado em preto e branco
Só para dar o que falar.
Sou silêncio de uma longa noite.
Sou uma noite em pleno repouso.
Sou a solidão da rua em noite enluarada.
Sou o silêncio da beira da estrada,
Só isso, mais nada.
Rio Verde - GO, 1998.