Mistérios da fé

Ouvi a voz de um ermitão

na sua pregação loquaz

que, um dia, o céu prometeu

as águas de abençoar,

pro inferno aqui se extinguir...

Me esforcei, mas não cri

no corpo que mastiguei,

em forma de ázimo pão,

nele não pude sentir

o gosto de carne algum,

nem um suspiro de dor,

nenhum mistério, enfim...

E nem na minha embriaguez

do tinto vinho que bebi,

depois que, no chão, cuspi

não vi o vermelhidão ...

Foi vã minha comunhão...

Quente tarde de rubor,

com o chão a queimar meus pés

com o grito preso e abafado,

praguejando maldição...

Espero chuva e não cai,

mas passam, lá, sobre mim

nuvens cheias de vapor...

Não sei onde cairão...

BetoAcioli

Enviado por BetoAcioli em 02/01/2015

BetoAcioli
Enviado por BetoAcioli em 03/10/2023
Reeditado em 03/10/2023
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