Mistérios da fé
Ouvi a voz de um ermitão
na sua pregação loquaz
que, um dia, o céu prometeu
as águas de abençoar,
pro inferno aqui se extinguir...
Me esforcei, mas não cri
no corpo que mastiguei,
em forma de ázimo pão,
nele não pude sentir
o gosto de carne algum,
nem um suspiro de dor,
nenhum mistério, enfim...
E nem na minha embriaguez
do tinto vinho que bebi,
depois que, no chão, cuspi
não vi o vermelhidão ...
Foi vã minha comunhão...
Quente tarde de rubor,
com o chão a queimar meus pés
com o grito preso e abafado,
praguejando maldição...
Espero chuva e não cai,
mas passam, lá, sobre mim
nuvens cheias de vapor...
Não sei onde cairão...
BetoAcioli
Enviado por BetoAcioli em 02/01/2015