TARÔ DE MARSELHA EM POESIA
OS ARCANOS MAIORES
A JUSTIÇA
De qual justiça falamos?
A dos homens, permeada de incertezas duras,
Dura lex sed lex?
A divina que se coloca em planos distantes,
Longe da brutalidade da matéria,
Num futuro post mortem,
Aquela que muitas vezes mais tememos?
Não, nenhuma delas,
Falamos da outra justiça,
Daquela que nos liga às profundezas do ser,
Que nos fala dos objetivos e promessas,
Esquecidas promessas,
Da nossa velha alma em trânsito
Neste dorido mundo desigual.
Falamos da justiça que se faz a olhos descobertos,
Mas distante, muito longe, de injustas parcialidades.
Falamos da justiça severa na medida
E suportável ao aprendizado,
Desprovida da virulência infecciosa,
Desnecessária virulência,
Aquela que nos coloca em contato
Com as verdades que moram
Na câmara secreta do nosso coração,
Onde mora o santo e divino espírito.