TARÔ DE MARSELHA EM POESIA
OS ARCANOS MAIORES
O CARRO
Tenho que sair da exiguidade
Das quatro paredes da alcova,
Ir além do espaço semiaberto do quintal.
Preciso da amplitude do mundo novo,
Maior
E menos previsível,
Com suas montanhas e vales e mares
E extensas planícies.
Sufoca-me o ambiente
Acolhedor e protegido
Disso que chamam lar.
Necessito de novas atmosferas,
Do vento gelado a penetrar as minhas vestes
E da secura do deserto a encharcar-me de suor
Enquanto sigo no encalço da água cristalina
Da fonte da minha juventude.
O mundo está lá fora,
A vida corre lá fora,
A minha juventude está lá fora,
Tudo está lá fora
E tudo preciso buscar.
Dois corcéis conduzem meu carro veloz,
Disputando cada um deles
A primazia do caminho,
Ora sigo um
Ora o outro
E assim começo e recomeço,
Aos trancos e solavancos,
Nos acidentados caminhos,
A minha aventura
De venturas e desventuras.