Ensaio

Nas asas do amor a alma anseia por voar “para casa”, para o mundo das ideias. Ela quer ser libertada da “prisão do corpo”... Platão

Eu sou um Espírito imortal

Ora vivendo um personagem

Encenação de breve imagem

Em um teatro natural.

A minha voz a ele empresto

A minha vida a que ele esteja

A minha visão a que ele veja

A sua existência assino atesto.

E essa incrível dualidade

Às vezes causa confusão

Sou eu divino e o homem não

O para sempre e a brevidade.

Sem precisar dicotomia

Há ilusão talvez loucura

Pensar que sou a criatura

Que a não ser tem o seu dia.

Porque viver é consumir

Da existência à personagem

E deluzir a humana imagem

Tirar do censo... de existir...

Não adianta conjurar

Tampouco neura contrair

Por não querer admitir

Quem chegou há de voltar...

Sem mais a ânsia de um bebé

Tecido em carne desaguado

Tem o coveiro confirmado

— "os ossos são de quem não é".

Não viva os atos de ufania

Antagonista que humilha

Ou egoísta a fazer ilha

De água do mar que não sacia.

Amar é jeito a caso sério

De conviver com o contrário

Porque mais um aniversário

Mais aproxima ao cemitério.

Se entanto caiba enfim à morte

Impor ao homem o fim de um ato

(Ao mesmo tempo o do contrato)

É dar ao Eu meu passaporte.

Seraphim
Enviado por Seraphim em 01/08/2023
Código do texto: T7851351
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.