2020, a virada da década

Eu disse que não ia e fui.

Falei que não queria. E quis.

Fui desfilar e tropecei.

Bati de cara com algumas portas

Em compensação, outras maçanetas se abriram sem nenhum segredo.

Peguei banhos de chuva não propositais

E misturei mel com limão e gengibre, como faziam os antigos.

Nesse 2020 me banhei em descolorante blondon e água oxigenada como uma patinha mergulha em uma lagoa de água fresca.

Ergui monumentos.

Finalmente estreei personagens dos quais eu há tempos venho ensaiando.

Perdi pele. Quebraram-me a casca. Algumas penas novas emergiram violentamente da minha carapaça.

A juba me tomou a cabeça como uma coroa.

Cachinhos dourados como as molas da trepadeira de maracujá

Pernas bem fortes para correr

Asas que ganho do meu Anjo da Guarda quando preciso.

Chorei e chorei. Mas também sorri até as extremidades da boca tocarem os ouvidos.

O que seria do palhaço sem sua maquiagem?

Esta é a minha vida e também é Meu Circo.

O Criador deu-me pérolas para enfeitar as orelhas

Ainda, sou falha. Mas, assim, dou-me como perfeita.

Tento pegar minha própria cauda como um cachorro

Ligo para a minha mãe como uma criança que se perdeu no supermercado.

Tem algo de especial nas mães… O que é? Ainda não sei como explicar. Quando encontrar com Deus vou me sentar com ele na beira da praia e esperar o momento certo para perguntar.

Imagino que ele nem vá ter surpresa perante a minha pergunta por que de tudo Ele sabe - até de meus pensamentos.

Quero a força do urso

O coração do leão

A leveza de um golfinho com seus saltos impressionantes

E quero a sagacidade da cobra.

Texto escrito em 1 de janeiro de 2020, por VALVERDE, Laura, em Ipanema na Rua Vinícius de Moraes.