A MORTE DA MORTE

 

Este vai e vem entre o nascer e o morrer

Se assemelha ao ar que respiro e solto.

Por isso a frase na minha lápide vai ser:

Espere: só dei uma saidinha mas já volto.

 

Eu tenho culpa no atacado e no varejo,

Tenho consciência disso e jamais nego;

Mas foi por ter acalentado tanto desejo

Que me tornei um escravo do meu Ego.

 

Por isso nasci e por isso eu vou morrer;

Quantas vezes será preciso, eu não sei.

Mas um dia essa corrente vai se romper;

Fatalmente,pois isso também está na lei.

 

Se antigamente eu tinha medo da morte,

Era porque ela me dava uma ideia de fim;

Mas hoje sei que ela é somente um corte,

No tempo que Deus reservou para mim.

 

Mas de transformação em transformação,

Minha alma fica em cada vida mais forte;

E assim será até que chegue a libertação;

Nesse dia, ela mesma vai matar a morte.