Vislumbres De Uma Alma
Vislumbres de uma alma
Em tudo havia os contornos vaporosos...
De alvas nuvens todo céu se empestiava!
E pela bruma com os passos vagarosos
Aonde estou? Eu ao silêncio perguntava!
Igual alguém que desconhece a aventura
Em que foi posto; prosseguia com receio
Na vastidão de um deserto de brancura
Sem viva alma que cessasse o meu anseio!
A tatear na densidade nevoenta
Visei ao longe a interação de um pretume,
Como moscardos sobre a pele purulenta
Como sardinhas agrupadas em cardume!
Aproximei-me, e agora muito perto
Logrei notar a cena mais que nauseosa
De um corpo humano infestado e encoberto
Por uma gangue de urubus, impetuosa!
Atarantado, já aos pés daquele evento
Joguei o braço em sinal de exortação
Pra que voassem do cadáver famulento,
Mas insucesso obtive em minha ação!
Berrei , pra que não mais o devorassem
Indiferentes ao anseio do meus gritos
As negras aves entoavam seus crocitos
Como se o som de minha voz ignorassem!
Uma nervosa lhe bicava o pobre reto,
Outra mais hábil devorava o intestino...
Até que todas de um modo repentino
Foram pra longe do despojo abjeto!
Eu divisava o defunto agora exposto,
Somente a face lhe restara inviolada
Ó pelos céus! Reconheci aquele rosto
Eu era alma a vagar no próprio nada!