O EU DO EU
No silêncio profundo me deparo com aquele que se manifestou por Deus nesta vida para Ser chamado de Eu e confesso que por vezes até doeu.
Mas fico aqui quieto, pois ele ali no íntimo é desperto e não se abre ao que não é descoberto, ele só se cala ao dizer o que é certo.
Ele serpenteia, deslizando pelas veredas da mente, semeando e rasgando a pele que já é grosseira e silenciosamente vai renovando o que no íntimo se permeia.
Ele norteia, diluindo os sentimentos grotescos que lhe rodeia e filtra tudo para clarear lindamente o Amor alagando a centelha que o divino representa.
Ele aquece e acalma, brilha sintilantemente os olhos que enxergam a inviolável pureza da alma a se acoplar em um corpo que diverge da palavra que o íntimo fala.
Sem muito barulho se escuta o seu falar que cala todo o mundo e clareia o que ali é mais astuto fazendo o movimento em direção de tudo.
Venho andando contigo, pois no caminho é nele quem confio, ele não falha, ele fala e jamais se cala.
A pele ele troca e mais sensível ela se torna a sentir profundamente o que na alma se toca, aproximando-a da verdade que transforma e diluindo o que não mais conforta
Ele é Deus que pulsa enquanto lindamente decora com cores vivas em meio a flores novas e aguça os sentidos que outrora ainda não viam a boa nova.
Ele sou Eu, Eu sou Ele e dissolvidos um no outro me reinventa em seu ventre a desabrochar para um Ser que ainda não existe dentro de uma mente que ainda não se sente.
Ele é a vida perene, divinal e ao mesmo tempo estridente, ele é Deus que habita no infinito do inconsciente se tornando mais vivo e presente.
Escrito em 31/10/2021