A quem ?

Meu olhar interrogativo num grito

Não ecoa esvai pela garoa

A mesma que encharca o corpo frágil

Minhas perguntas não se desmancham,

Nem a fome daquele corpo...

No meio a multidão que se atropela, insensível

Do invisível...

Até de ti! Que questiono sem retorno

Encharca meu peito de dor, não dá chuva que vem do céu

Rasgo o véu da sacristia de muros altos,

Não enxergam o corpo, nem a fome

Rogam ao céu, a quem ?...

Agora ouço meu grito, sem batina, sem véu, sem canto gregoriano,

Meu olhar que vê aquele fulano...

Sem nome, sem endereço, sem religião e com tanta fome .