Com chofer na vinda e volta

Do carro da morte saiu,

Que lhe trouxe a este mundo

De mesma forma que Raimundo,

A flor ao sol então se abriu.

Não houve pressa nem pressão

A retorno muito breve,

O seu programa não descreve

Poucos segundos de ilusão.

E seu chofer o liberou

(Para viver experiências,

provocar boas ocorrências),

O carro ao longe estacionou.

Tornado em sede de ensaiar

Foi, mergulhou na multidão,

De muitas horas para ação

Seu saldo cármico a constar.

Estudou o seu necessário,

Querendo a técnica aprender

Por gratidão senão dever

Fez-se um a mais, belo operário.

E no jardim desta existência

Espalhou as suas sementes

Com a mulher frutos decentes,

Cinco maçãs sãs de aparência.

Dias e noites foi somando,

Muitos janeiros nos ouvidos,

Nenhuns avisos esquecidos,

Principalmente como e quando.

Cardiopatia não teria

O laudo de seu retornar

Nem acidente vascular,

O crânio sem hemorragia.

A sua volta muito lenta

Quebrando récorde lendário,

Idade pra noticiário

De novecentos e setenta.

Vindo o chofer que leva e traz

Sinalizou: - chegou a hora,

Vim te buscar, vamos embora,

Ao mundo estável voltarás.

De lá o trouxe, encarregado

(Morreste para aquele mundo),

Da mesma forma que a Raimundo

Irás além por mim levado.

O bom chofer culpa não tem,

Desempenhando a sua função

De leva e traz na condução:

Alma que vai Alma que vem.

Poucas, porém, sabem o que ocorre,

Sabendo-o cala-se o chofer,

Somente humano nasce um ser

Porque do céu a estrela corre...

Há inconsciência ou ignorância

Em maldizer chofer e o carro

Da morte achar chassi bizarro,

Lhe dispensar por implicância.

É o transporte sem o qual

Não há viagem para cá

E nem retorno para lá

D’ Alma de Deus filha imortal.

Seraphim
Enviado por Seraphim em 02/11/2022
Código do texto: T7641009
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