O que Hilário levou

A casa que Deus te empresta

Em que te abrigas do relento

O sol intenso a chuva o vento

A Natureza a fazer festa...

A roupa que te dá decência

Aquece a pele estanca o frio

No edredom denso e macio

Necessidades da existência.

Afinal o que me pertença

Senão a minha gratidão

Se o que uso é concessão

Vera alegria na alma imensa.

Que levarei (oh homem diga)

Ante a velhice verdadeira

Porvir que exibe a tua caveira

E dá tuas carnes p'ra formiga?!

As tuas órbitas - despidas

Da ambição dos olhos teus

O verme a ambos corroeu

No solo nu de margaridas.

Desfez teu cérebro potência

A CPU - total desmanche

Miolo orgânico o lanche

Matéria pútrida de excelência.

O rádio a ulna as cartilagens

O fêmur ao verme os ossos nus

De orgulho a lepra e mesmo pus

Que são no cálcio as embalagens.

Por mais que tétrico o evento

Que o teu cadáver patrocina

Acham micróbios - a proteína

No teu egoísmo em 100℅.

Em tua soberba tripudia

No miocárdio avariado

O ror de germes esfaimado

Que têm no vaso a serventia.

O tempo é fisco que te alcança

Qual Ministério milionário

Mas não o Espírito de Hilário

Que tem feliz boas lembranças.

Porque se deu a alma em flor

Nada reteve a si somente

Sem ilusão de ter na mente

Que amar previne o dissabor.

O tempo... o que não oxida...

Há algo que a traça não devora...

Segue consigo ao ir-se embora

Na Alma o BEM que fez na vida.

Seraphim
Enviado por Seraphim em 15/10/2022
Código do texto: T7628337
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